Que cada um de nós precisa e deve manter sua
individualidade, isto é fato e correto.
A individualidade é o que nos define e cria
um ambiente seguro para nós mesmos, porém, não devemos e nem conseguiremos
viver sozinhos.
Nós sempre precisaremos de alguém, e às vezes
de uma pessoa em particular como um amigo, um parente, um filho...
Isto se dá porque o ser humano não nasceu
para viver sozinho, e nossas experiências para o crescimento dependem do
convívio com outras pessoas.
Quando ouço um eremita se vangloriar de ter
passado sua vida isolado, “contemplando-a” sem ter vivido e achando que por
conta do isolamento se fez melhor como pessoa, tenho dó - piedade mesmo.
Esta pessoa sairá desta vida sem ter feito
algo de bom para ele ou para alguém.
Simplesmente acordou e dormiu a vida inteira
- e me desculpem os que acreditam que esta é uma vida de devoção ou quase uma
missão.
Discordo plenamente.
Uma vida de devoção é você manter a sua
família com o pouco que ganha, e não perder a vontade de fazer por todos, todos
os dias as “mesmas coisas”.
É acordar todos os dias, pensar em como mudar
as coisas que não estão boas para você e para os seus, e buscar pela mudança.
Um novo emprego (às vezes dois), uma nova
qualificação, um “bico” no final de semana, e ainda assim sentir prazer e
alegria em ver a melhora constante nos seus, sem se sentir cansado ou
desanimado.
É ajudar materialmente um amigo que precisa e
ainda rezar por ele à noite, pedindo que ele não esmoreça; que acredite e
vença.
Isto sim, é uma vida vivida. Sabedora da
necessidade de aprender com as dificuldades, no outro e pelo outro.
Aprendizado que sem o convívio com outros (às
vezes difícil, concordo), não há crescimento e nem merecimento.
Simplesmente não existe.
Erra quem acha que vive melhor sozinho, mas
concordo que às vezes estar só é necessário e que todos nós precisamos disto em
algum momento.
Como aprender sem ter com quem praticar?
Como pedir e querer paz se não existe
conflito?
Como pedir forças se não há esforço ou
dificuldade?
Precisamos de todos o tempo todo - sempre.
Todos nós precisamos de pessoas que nos
ajudem a nos melhorarmos.
Precisamos das experiências dos outros para
criarmos as nossas, pois mesmo que nunca iremos viver da forma como o outro
vive, ainda assim usaremos seus exemplos, e teremos sempre alguém de quem
lembraremos com muito carinho; como uma professora, um amigo, um líder...
Quem convive sempre terá exemplos e
referências.
Isto é o ser humano: Inconstante, irregular,
frágil, necessitado, medroso, e que precisa estar inserido em um grupo e se
sentir parte dele.
Basta lembrarmos da nossa adolescência, da
época de escola, das modinhas que seguimos, das músicas que ouvimos e várias
outras coisas que fizemos, apenas para nos sentirmos parte de tudo aquilo.
Mas, porquê?
Porque não conseguimos viver sozinhos,
precisamos de mais de uma opção para criar nossa opinião.
Precisamos da “discórdia” para praticar a
tolerância; o poder de compreensão.
Mas, e como fazer isto morando em uma caverna
no meio do nada?
Não estou dizendo que a convivência é coisa
fácil, porque não é.
É difícil às vezes, mas possível.
Além de possível, preciso.
No final de tudo, ainda agradeceremos a todos
por tudo, ainda que não tenha sido boa a experiência.
Os mais humanizados ainda acharão o erro em
si, e não no outro; entenderá e aceitará a limitação do outro e acreditem, isto
ajudará.
Por quê?
Porque sozinhos não podemos nada. Nem
aprender a sermos humanos.
Pense, agregue, divida-se, some, se permita
ser somado e acima de tudo: agradeça por ter com quem somar - e se for com mais
de um, melhor.
Abraços!!!
Sandra Bhering
Revisão de Texto: Volfrâmio Almeida
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