Todas as vezes que termino um treinamento participo de uma
reunião de parecer, nesta reunião procuramos alinhar as expectativas com os
resultados, colocamos sempre na mesma pagina o que obtivemos com o treinamento,
metodologia, público, período, etc.
No meio disto tudo existe um momento em que analisamos os
resultados pós treinamento, e a isto chamamos de lições aprendidas, ou seja, o
que não devemos mais utilizar em nossos próximos treinamentos e o que devemos
intensificar nos próximos, visamos com isto a melhoria dos processos e a
obtenção de um melhor resultado para todos.
No geral esta pratica melhora muito todos os processos que estão
envolvidos em um treinamento ou trilha de conhecimento, como chamamos em
algumas empresas.
Precisamos ter coragem para assumir que o que fazíamos algum
tempo, já não nos serve mais e que precisamos buscar por novos métodos e
praticas e com isto sair da nossa zona de conforto e conhecimento.
Porém, ah porém, há um
caso diferente que envolve toda a minha gente...( D2)
Quando tentamos trazer estas práticas para as nossas vidas
pessoais, notamos que o sistema é falho e que nada pode ser colocado em uma planilha
de Excel com suas formulas mirabolantes.
Infelizmente ou felizmente, vai saber.
Fato é que em nossas relações pessoais erramos muito, e o maior
erro está em pressupor.
Pressupor que o outro está ou será mais feliz assim.
Pressupor que sua ausência é mais apreciada do que sua
presença.
Pressupor, pressupor e pressupor.
E em nenhum momento houve de fato a certeza, apenas pressupomos
que assim seria melhor.
Procuramos das mais variadas formas acreditar que “aquilo”
que ainda não sabemos qual nome dar, foi o melhor para todos os envolvidos, mas
nunca, nunca perguntamos para os outros se de fato isto seria o melhor para
todos.
Apenas pressupomos que sim, e seguimos.
Em um dado momento, percebemos que não estamos felizes e
algumas, ou melhor, várias coisas não foram ditas e nesta relação onde todos
deveriam dar seus palpites e sugestões para melhoria foi calada, quer seja com
o afastamento, como se assim fosse possível o esquecimento, quer seja com a
omissão e covardia.
E seguimos...
Sem saber para onde ir ou o que fazer, mas seguimos.
Descobrimos cedo ou tarde, que a história se repete até que
tenhamos dito, visto e aprendido cada lição que nos foi dada por cada experiência,
descobrimos que não “passaremos de ano” sem os devidos exames finais.
Mas e cadê a coragem para reconhecer seus próprios erros?
Para pedir uma “prova extra”, ou um trabalho que valha os
pontos que precisamos para seguir?
Sentimos medo, porque podemos nos deparar com duas
situações: a primeira de que estávamos certos, mas que poderíamos ter tentando
mais um pouco ate quitar os débitos. A segunda: é de que nunca deveríamos ter
iniciado tal relacionamento, e qualquer que seja a conclusão ela será sofrível por
termos errado mais uma vez...
E nos perguntamos: até quando?
A resposta estaria em viver as lições aprendidas, fácil.
Mas como?
A régua que mede um não é a mesma que mede o outro. Seus
valores e crenças são diferentes, assim como suas experiências pessoais.
Mensurar, qualificar, exemplificar e comparar, não nos dará a receita e solução
para isto, o que é muito diferente de praticas de treinamento, onde se tem
claros os objetivos e se prepara um material para execução.
Nas relações os movimentos não podem ser calculados e nem
devem ser, tudo precisa acontecer da forma como tem que acontecer, e quando no
meio do caminho percebemos que uma atitude ou outra trará novamente o mesmo desfecho,
somos incapazes de alterar o rumo das coisas, por entender que assim haveria
manipulação e deixamos seguir como tem que ser colocando na mão do nosso amigo/inimigo
TEMPO a solução do que não somos mais capazes de resolver.
Ate que um dia percebemos que o tempo apenas deteriora tudo,
amadurece ate apodrecer e neste momento já não se tem mais o que fazer.
Buscamos pelo equilíbrio das coisas, em uma nova tentativa
de acerto, mas sem nos livrarmos dos velhos erros, até porque não entendemos
ainda que são erros.
Justificamos as nossas desventuras com a máxima: “não era para
ser”, e seguimos acreditando que um dia será.
Ate que um dia acordamos e a vida passou... não se tem mais
tempo para nada porque perdemos de vista, há muito tempo, pessoas que nos foram
muito caras.
E para justificar a nossa perda devolvemos para a mesma máxima:”
não era para ser”.
Que pena sinto de todos nós.
Muita pena mesmo...
Por sermos ainda incapazes de reconhecer e alinhar no meio
do caminho, de praticar as lições aprendidas e principalmente por sub julgar o
outro.
Abraços,
Sandra Bhering