terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Estou doente...



Doente da alma, do espírito da mente.
Estou descrente.
Ausente.
Não me sinto presente em nenhum momento,
Alheia a qualquer coisa e a tudo,
Com medo, receios e temores.
Estou doente da alma, na crença,
Na presença.
Sinto falta, falta de mim, de como eu era,
Ou será de como sou?
Não sou doente apenas estou.
E o estar será passageiro, assim espero.
Porque me quero de volta.
Com risos e sorrisos, choros e alegrias, tudo na medida.
Nada além do que qualquer outro ser que se acha humano poderia ou deveria ter.
Nossas mentes nos enganam, metem e nos levam além.
Mas o além nem sempre é do bem, o além nos fere, maltrata.
Mente ingrata.
Quando nos calamos, ela continua a falar e falar e falar e parece que não vai calar.
Estou doente,
Ainda descrente,
Com febre na mente.

Sandra Bhering

Apenas pensando...

Estava outro dia conversando com o meu filho e minha nora sobre a resistência, inteligência e respeito que os japoneses têm.

Respeito por suas culturas, valores, princípios...

O meu filho me contou uma história que ouviu do seu mestre de Jiu Jitsu: segundo o mestre, no Japão sempre que você vai comer em um restaurante, além da comida que foi pedida, eles servem duas pequenas tigelas com pequenas porções de arroz e chuchu. 

Isto porque nos difíceis tempos de guerra, os únicos alimentos possíveis de se comer (e cultivar) eram exatamente o arroz e o chuchu, e fazem isto para lembrar a todos e principalmente aos mais novos da importância de se guardar a história, de se preservar o passado e honrar os ancestrais.  Lembrar também que sempre poderemos passar pelas dificuldades que acabam por igualar a todos nas mesmas tigelas de arroz e chuchu, não importando o cargo que se ocupa e de qual família se vem. 

Dificuldades acaba por igualar pessoas com as mesmas regras, conceitos e verdades.
Um povo tão modernizado, tão tecnológico, mas que preserva e faz questão de preservar os costumes do seu povo. 

Será que o sucesso está exatamente aí?
Valores e cultura?

No Japão o professor é o único que não precisa se curvar diante do imperador; isto porque o imperador reconhece que so existem doutores, advogados e até mesmo o próprio imperador, porque eles tiveram um professor.

Igualzinho ao Brasil...

Um povo que inventou o primeiro robô, para não falar de todas as outras invenções, ainda guarda para seus mortos alimentos.

Entregam em seus túmulos, flores, comida e incenso. 

Isso é Cultura!
 
Acredito que a força deste povo está exatamente na preservação da cultura, pois um povo sem história, sem cultura e sem respeito, não pode chegar a lugar algum.

Lembram da copa aqui no Brasil em 2014?

Lembram do exemplo que os japoneses deram ao limpar o estádio no final do jogo?

O que aquilo significa?

Não acho o Japão ou qualquer outro país do mundo melhor do que o nosso. Não mesmo.
Adoro o Brasil com todos os seus problemas. 

Apenas quero deixar aqui registrado, que na minha humilde opinião, um povo que preserva sua história, que se orgulha das suas dificuldades, que não esquece pelo o que passou e não se envergonha disto, está de fato fadado ao crescimento.

Pelo simples fato de não esquecer os momentos difíceis.

Viram a página para o crescimento, mas não para o esquecimento.

Aqui se uma criança de 11 anos ainda acredita em Papai Noel, a mãe leva ao psicólogo porque acredita que ela sofra de algum retardo mental. Em contrapartida, a criança pode curtir em redes sociais qualquer coisa. 

Qualquer coisa mesmo.

E quem são os responsáveis por isto? Por esta inversão de valores?

Nós, os educadores. Em qualquer linha, a começar pelos pais. 

Somos responsáveis por incutir nestas crianças que vão assumir o mundo daqui alguns anos, valores distorcidos do ter e não ser: "Quanto mais se tem melhor, e não importa qual seja o custo disto, desde que se tenha."

Quando na verdade o que precisamos é ensinar a ser: a começar por ser humano.
O bullying é praticado por quem? 

Digo em sua maioria, que por crianças que desde cedo aprendem a não respeitar o seu próximo como próximo, a desfazer-se do que não faz parte da sua “cultura” e a desrespeitar qualquer coisa que não lhe faça sentido.

Acho um absurdo nos tempos de hoje levantarmos bandeiras contra o racismo. Isto só prova o quanto somos ainda racistas e intolerantes a qualquer coisa ou pessoa que seja diferente de nós; do que nos foi vendido enquanto éramos ainda crianças.

Não me refiro aqui apenas ao racismo de cor de pele (o que por si só já seria o suficiente para entendermos o quão longe da verdade estamos), mas falo de qualquer tipo de preconceito e discriminação: magro gordo, alto baixo, pobre, rico, católico, espirita...

Ensinamos aos nossos jovens a repudiar qualquer coisa que seja diferente do que fizeram ele acreditar como verdade absoluta.

Resultado?

O que estamos ainda vivendo: as diferenças, as discriminações, as aberrações de comportamento, o isolamento e a solidão.

Jovens depressivos.

Não já passou da hora de mudarmos os nossos valores, e valorizar o que de fato tem valor?

Princípios, regras, respeito, tolerância, amor pelo próximo por ser o que é, e não pelo o que ele suspostamente possa ter.

“Éramos todos humanos até que... a raça nos desligou, a religião nos separou, a política nos dividiu e o dinheiro nos classificou".
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Abraços,
Sandra Bhering
Revisão de texto: Volfrâmio Almeida






Porque tudo tem um fim...

“O vento que venta aqui, é o mesmo que venta lá.” Baden Powell / Paulo Cesar Pinheiro   Algum tempo venho pensando em escrever para es...