Estava outro
dia conversando com o meu filho e minha nora sobre a resistência, inteligência
e respeito que os japoneses têm.
Respeito por
suas culturas, valores, princípios...
O meu filho
me contou uma história que ouviu do seu mestre de Jiu Jitsu: segundo o mestre,
no Japão sempre que você vai comer em um restaurante, além da comida que foi
pedida, eles servem duas pequenas tigelas com pequenas porções de arroz e
chuchu.
Isto porque
nos difíceis tempos de guerra, os únicos alimentos possíveis de se comer (e
cultivar) eram exatamente o arroz e o chuchu, e fazem isto para lembrar a todos
e principalmente aos mais novos da importância de se guardar a história, de se
preservar o passado e honrar os ancestrais.
Lembrar também que sempre poderemos passar pelas dificuldades que acabam
por igualar a todos nas mesmas tigelas de arroz e chuchu, não importando o
cargo que se ocupa e de qual família se vem.
Dificuldades
acaba por igualar pessoas com as mesmas regras, conceitos e verdades.
Um povo tão
modernizado, tão tecnológico, mas que preserva e faz questão de preservar os
costumes do seu povo.
Será que o
sucesso está exatamente aí?
Valores e
cultura?
No Japão o
professor é o único que não precisa se curvar diante do imperador; isto porque
o imperador reconhece que so existem doutores, advogados e até mesmo o próprio
imperador, porque eles tiveram um professor.
Igualzinho ao
Brasil...
Um povo que
inventou o primeiro robô, para não falar de todas as outras invenções, ainda
guarda para seus mortos alimentos.
Entregam em
seus túmulos, flores, comida e incenso.
Isso é
Cultura!
Acredito que
a força deste povo está exatamente na preservação da cultura, pois um povo sem história,
sem cultura e sem respeito, não pode chegar a lugar algum.
Lembram da
copa aqui no Brasil em 2014?
Lembram do
exemplo que os japoneses deram ao limpar o estádio no final do jogo?
O que aquilo
significa?
Não acho o
Japão ou qualquer outro país do mundo melhor do que o nosso. Não mesmo.
Adoro o
Brasil com todos os seus problemas.
Apenas quero
deixar aqui registrado, que na minha humilde opinião, um povo que preserva sua história,
que se orgulha das suas dificuldades, que não esquece pelo o que passou e não
se envergonha disto, está de fato fadado ao crescimento.
Pelo simples
fato de não esquecer os momentos difíceis.
Viram a página
para o crescimento, mas não para o esquecimento.
Aqui se uma
criança de 11 anos ainda acredita em Papai Noel, a mãe leva ao psicólogo porque
acredita que ela sofra de algum retardo mental. Em contrapartida, a criança
pode curtir em redes sociais qualquer coisa.
Qualquer
coisa mesmo.
E quem são os
responsáveis por isto? Por esta inversão de valores?
Nós, os
educadores. Em qualquer linha, a começar pelos pais.
Somos
responsáveis por incutir nestas crianças que vão assumir o mundo daqui alguns
anos, valores distorcidos do ter e não ser: "Quanto mais se tem melhor, e
não importa qual seja o custo disto, desde que se tenha."
Quando na
verdade o que precisamos é ensinar a ser: a começar por ser humano.
O bullying é
praticado por quem?
Digo em sua
maioria, que por crianças que desde cedo aprendem a não respeitar o seu próximo
como próximo, a desfazer-se do que não faz parte da sua “cultura” e a
desrespeitar qualquer coisa que não lhe faça sentido.
Acho um
absurdo nos tempos de hoje levantarmos bandeiras contra o racismo. Isto só
prova o quanto somos ainda racistas e intolerantes a qualquer coisa ou pessoa
que seja diferente de nós; do que nos foi vendido enquanto éramos ainda
crianças.
Não me refiro
aqui apenas ao racismo de cor de pele (o que por si só já seria o suficiente
para entendermos o quão longe da verdade estamos), mas falo de qualquer tipo de
preconceito e discriminação: magro gordo, alto baixo, pobre, rico, católico,
espirita...
Ensinamos aos
nossos jovens a repudiar qualquer coisa que seja diferente do que fizeram ele
acreditar como verdade absoluta.
Resultado?
O que estamos
ainda vivendo: as diferenças, as discriminações, as aberrações de comportamento,
o isolamento e a solidão.
Jovens
depressivos.
Não já passou
da hora de mudarmos os nossos valores, e valorizar o que de fato tem valor?
Princípios,
regras, respeito, tolerância, amor pelo próximo por ser o que é, e não pelo o
que ele suspostamente possa ter.
“Éramos todos
humanos até que... a raça nos desligou, a religião nos separou, a política nos
dividiu e o dinheiro nos classificou".
AD
Abraços,
Sandra
Bhering
Revisão de
texto: Volfrâmio Almeida