quinta-feira, 15 de junho de 2017

E agora, José?



"Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?"
Carlos Drummond de Andrade 

Quantas e quantas vezes nos perguntamos: E agora, José?

O que fazer com tudo que sentimos, com o que queremos e o que não queremos?

Como deixar de sentir o que sentimos?

De pensar no que pensamos?

De imaginar o que ainda não temos?

De sonhar o aquilo que queremos?

Como fazer para ser o tempo todo (ou uma boa parte dele) racional e não passional?

O que fazer com todas as sensações juntas e misturadas em um único momento, e quando este momento não passa, e passa a ser um enorme tempo, atemporal /intemporal?

O que fazer com a certeza da incerteza, que nos leva a enormes questionamentos do que esta certo ou errado, ou ainda o que está fadado ao erro...como saber o que é certo?

Por qual régua mede-se o certo ou errado; a moral, a dor ou o medo da dor?

Em que momento devemos nos proteger e caminhar por caminhos já conhecidos e vivenciados por nós mesmos, ainda que sem “ graça”?

Talvez sejam mais seguros...

Mas o que se busca é de fato a segurança?

Muitas perguntas e nenhuma resposta que satisfaça ou acalme ao mesmo tempo mente e coração.
Nada que tranquilize e gere a esperança, a confiança ,ou na pior das hipóteses, o conforto da espera como se já tivéssemos nos vacinado contra o que estamos prestes a sentir e viver( ou sofrer) tudo de novo e mais uma vez..

Por que o ser humano é assim, porque não conseguimos viver o presente sem trazer para ele as marcas ruins do passado?

Porque as marcas não nos servem apenas para lembrar que passamos, e que sobrevivemos...que conseguimos, ao invés de gerar o medo, a insegurança...a incerteza.

Porque será que quando está ficando bom o medo aumenta?

Acreditamos não ser merecedores.... será que é isto?

E agora, José, Marias, Antonios....e agora?

Se correr o bicho pega e se ficar ele te come, o que será melhor, ou melhor, o que será menos dolorido, sofrível e suportável?

Alguém me responda, o que fazer com tudo isto que a vida nos dá e tira o tempo todo.

Ganha- se o amor, perde -se a coragem...
Perde- se a liberdade, ganha-se o medo....

Porque a troca constante de sentimentos e sensações?

Porque esta barganha?

Será que ainda não somos capazes e merecedores do colo, do aconchego, da segurança (ainda que ela não exista 100%)?

Estamos sempre aguardando pelo tombo, pelo momento “ pegadinha do malandro”, pisando em ovos, e entregando ao tempo (não confio nele), a solução do que nos acovardamos e julgamos incapazes de resolver, e quando a resposta do nosso amigo Tempo, não nos agrada, sentimos alivio em dizer: ainda bem que não apostamos todas as nossas minhas fichas .. sabíamos que não daria certo... 

UFA!  Ainda nos restam algumas fichas para recomeçar (será que pensamos em recomeçar?) Ou será que apenas continuamos a caminhar, já que não existe uma outra opção?

E o que sentimos, é alivio por ter acabado antes mesmo de começar, ou medo da dor que viver nos traria?

Vai saber....

E agora, José?

... " 
Abraços,
Sandra Bhering





domingo, 11 de junho de 2017

E não é que tudo passa!



Quando estamos inseridos e engolidos por algumas decepções, não conseguimos enxergar uma saída, tudo nos parece tão escuro, frio, vazio e sem solução.

Porque não acreditamos que uma pessoa ou situação, tão conhecida por você, tão compartilhada, deixa de ser o que era, e passa a ser tão desconhecida e estranha.

Não entendemos por que e como chegamos até ali, e quantos sinais no meio do caminho deixaram de ser percebidos, que não impediriam o desfecho, mas com toda certeza suavizariam a dor do engano.

Custamos a acreditar que tudo o que foi vivido, sonhado e planejado pudesse ter fim, e as vezes um fim tão duro que você passa a desacreditar em tudo e só consegue acreditar que não terá fim aquela dor, que dói no corpo e na alma.

Quando perdemos alguma coisa material quase nem sentimos, isto porque tudo poderá ser readquirido, comprado, conquistado e as vezes nem precisamos mais daquele carro, daquela casa, ou daquele objeto.

Mas quando a perda se torna uma desilusão e envolve uma outra pessoa e um grande sentimento, ela não é bem resolvida internamente, porque não podemos comprar outro e na verdade nem queremos....

Falta a respiração...

Falta a vontade...

Falta a Fé....

Abrimos mão de nós mesmos...e começamos a achar que nada mais faz sentido e que tudo é de verdade passageiro e falso...

O medo...

A insegurança....

Até que um dia, depois de tanto tentar esquecer e superar, você de fato esquece e supera, e nem acredita que está livre novamente... que consegue respirar ...que consegue rir novamente, e que não se lembra mais com tanta frequência daquele sentimento, daquela decepção...

Mas ainda, neste exato momento não consegue pensar em nada além da liberdade que o tempo e as várias e várias horas de tristeza lhe trouxe, e imbuídos deste sentimento de “ prazer “, nem pensamos na possibilidade de viver qualquer coisa que chegue próximo ao que se viveu.

E é aí que a mágica (ou sacanagem) acontece....

Você acorda um dia e se percebe “ apaixonado”, e se questiona muitas e muitas vezes, sobre o que está sentindo, e um frio na barriga lhe toma, o coração dispara e o medo te paralisa.

Mas apesar do medo você quer... e se pergunta em quase uma afirmação... pode ser diferente?!

E para se “proteger” você passa a colocar obstáculos e prazos para que tudo aquilo dure ou acabe...

Coisas como:  se passar de uma semana, já será lucro, e quando passa você diz: mas desta não passará...

Isto tudo porque você custa a acreditar que está livre e se pega pensando em uma nova possibilidade.

Mas quando se permite viver aquela nova emoção, sem condiciona-la ou obriga-la ao sucesso, você descobre com muita alegria que tudo do passado ficou no passado, que já não te machuca mais, não tira mais seu sono e nem sua alegria.

Se percebe feliz e agradecida pela nova emoção... pelo frio na barriga.

E caminha na certeza de um dia por vez (ainda que seja muito difícil viver assim), acreditando que é possível sim, porém sem perder as referências (ou marcas) , de que a vida está caminhando, e estamos sempre em movimento.

Feliz de quem consegue se levantar e dar a volta por cima, ainda que tenha levado um certo tempo...

Feliz de quem consegue se arriscar apesar dos pesares....

A dor acaba...

Você volta a acreditar...

Volta a sonhar e desejar...

Afinal, nesta vida TUDO PASSA!

Abraços,

Sandra Bhering

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Viver é se Arriscar ! ?

Viver é se arriscar....!?

"Já não tenho dedos pra contar, de quantos barrancos despenquei, e quantas pedras me atiraram ou quantas atirei....." Lulu Santos

Recentemente conheci uma pessoa que se tornou muito querida pra mim (qualquer dia falo sobre ela, hoje não é o caso), e ela passou a usar muito uma máxima:

Viver é se arriscar... não sei se verbaliza tanto para passar a acreditar, ou se de fato acredita nisto.

O fato é que, para algumas pessoas é muito difícil se arriscar, recomeçar, apostar em algo, “pagar pra ver”, isto porque já passaram ou sofreram muito por conta de “ tentar a sorte”, ou de acreditar erradamente em um momento.

Acreditar em um momento que pode ter levado apenas um breve espaço de tempo ou alguns anos de sua vida.

Quando sofremos por uma desilusão, passa ser muito difícil acreditar.

O tempo de luto e de cura pode levar dias, meses, anos, ou para algumas pessoas, a vida toda.

Tem marcas que não somem com o tempo.

E para estas pessoas se arriscar é perigoso demais, é sofrível, quase que sufocante.

Mas será que a cura virá do fato de se arriscar novamente?
Ou será melhor se curar para só depois se arriscar?

De verdade? Não sei...

Talvez a cura esteja no fato de acreditar que realmente pode ser diferente, que talvez fazendo a mesma coisa o resultado seja outro, ou quem sabe mudar o formato, o modo de fazer...

Mas será que mudando o modo, não estaremos nos enganando?

O que não podemos nunca, na minha modesta opinião, é mudar nossa essência em detrimento de algo ou de alguém.

Deixar de ser o que somos não ajudará, muito pelo contrário, só vai aumentar a dor, e no lugar de buscar a cura estaremos provocando mais feridas, hematomas e tumores...

Ser o que somos, neste mundo de hoje, já não é tarefa fácil, pior ainda será fingirmos ser o que não somos para agradar ou forçar uma situação.

Muitas vezes por medo da dor, que ainda nem sabemos se acontecerá, e que só deixará um ferido, VOCÊ!

Viver é de fato se arriscar?

Talvez com limites e consciência ... mas os seus limites e talvez um pouco dos limites do outro ou da situação...

Seja você o tempo todo!

O fato é que não podemos deixar de viver!

E pensando no todo, a vida é de fato composta por coisas que agradam e outras que não...

E para saber viver precisamos tirar de tudo uma lição e acredite, aprendemos muito mais com as que nos machucam, nos ferem, do que com as que nos fazem sorrir.

E no final descobriremos que tudo que passamos construiu o caminho para chegarmos até onde estamos e nos encontramos..

Se abrir para um novo momento, dá medo , faz suar, chorar e rir ao mesmo tempo, mas por conta do medo acabamos por limitar o tempo de vida desde novo momento, e quando nos damos conta que passou além do que esperávamos, e que os momentos vividos antes desde, já não nos machucam mais, é que descobrimos que nos arriscamos e por sorte, ou não, deu certo..

E vamos combinar, qual seria a graça do mundo se tudo soubéssemos ou tudo tivéssemos?

E o quão bom é conquistar e se permitir ser conquistada, por pessoas,por situações.. pela Vida!

A grande emoção está na conquista diária das histórias ou estórias, que irão compor a sua grande História.

Feitas de bons e maus momentos... mas acima de tudo SEUS momentos!

Abraços,

Sandra Bhering

Porque tudo tem um fim...

“O vento que venta aqui, é o mesmo que venta lá.” Baden Powell / Paulo Cesar Pinheiro   Algum tempo venho pensando em escrever para es...