Sempre achei que estamos onde nossas “cabeças” nos colocam,
e que se somos capazes de nos colocar ali, também seriamos de nos tirar daquele
lugar.
Fácil?
Deveria...
Mas não é assim que as coisas acontecem, feliz ou
infelizmente.
O fato é que até que tudo tenha sido digerido, analisado e realizado
em nossas mentes e corações, não conseguimos nos mover um centímetro.
Ficamos paralisados, estagnados, quase “mortos vivos”!
Parece muito? Exagerado?
Só quem esteve ou ainda está lá, é que sabe do que eu estou falando.
Neste momento nos odiamos profundamente por sermos fracos,
incapazes de nos mover de fazer algo que mude aquela situação, que
invariavelmente é ruim. Nunca nos queixamos de estar preso em algo bom, mas
quando a situação é ruim parece que não existe saída para aquilo, há momentos
em que achamos que vamos enlouquecer, que não sairemos nunca mais daqueles
pensamentos viciosos e torturantes.
Dormimos e acordamos com aquilo em nossas mentes e corações,
as vezes ate sonhamos sobre o assunto/ sentimento ou momento.
Pensamos...
Cortar os pulsos pode ser a solução.
Mas e se houver vida após a morte?
E se ficarmos presos ao ato por uma eternidade?
Melhor não.
Melhor amargar até o último segundo a dor que parece não ter
mais fim, á viver uma eternidade com a mesma.
Há momentos que acreditamos que não será possível, que não
seremos capazes, mas o tempo passa ainda que em sua visão distorcida ele apenas
se arraste, ainda assim ele está passando.
E quando nos damos conta, já não passamos mais tanto tempo
no mesmo lugar, já conseguimos, ainda que seja por breves momentos, visitar
outras paisagens, outros lugares, novos pensamentos ainda que poucos, mas são
novos.
Ainda voltamos para o lugar onde estivemos estacionados,
sabe lá Deus por quanto tempo, mas nossas idas e paradas são curtas ainda que
frequentes.
Mas já conseguimos pensar em outras coisas, enxergar outras
pessoas, sorrir por outros motivos, esperar por outras oportunidades, as coisas
começam a voltar para os seus devidos lugares.
Um dia nos damos conta que saímos de lá, já não estamos mais
presos naquele lugar, que agora já refeitos nem sabemos ao certo porque fomos
parar lá e nem exatamente onde este lugar fica.
Mas não somos mais como éramos antes aprendemos algumas coisas,
isto é fato, porém não saímos imunes, o que quer dizer que a qualquer momento
poderemos voltar para lá, ainda que por um período menor ou quem sabe maior,
para vivenciar outra experiência que será dolorida, afinal ali, naquele lugar não
existe coisas boas.
E não existe “vacina, remédio ou reza”, que evite a sua ida.
Não é uma questão de vontade, isto é muito estranho, quem em
sua sã consciência iria parar em algum lugar dentro de sua própria mente sem “saída”
e que provocasse dor e paralisia?
Ninguém.
Perdemos tantas coisas durante este período, as vezes até
fisicamente se tem perdas, mas o mais importante e que não conseguiremos mais
recuperar é o que perdemos emocionalmente, o que deixamos de sorrir, de ajudar,
de conversar, de VIVER!
Como fazer para nunca mais estar ali?
Como?
Tenho para mim que só morrendo.
Porque a vida é feita disto tudo mesmo, de coisas e pessoas
boas e das ruins.
“Ta” tudo no mesmo balaio, e ninguém traz na testa o que é,
ou o que pensa, ou como reagira a este ou aquele problema.
Somos e nos permitimos ser enganados, as vezes ate buscamos
por isto.
Quando as situações ou pessoas nos mostram ao longo do
caminho suas intenções, ainda assim nos mantemos ali firmes, acreditando que
com o tempo as coisas se acertam, que entram nos eixos.
Ledo engano.
As pessoas não mudam, como não muda também o nosso desejo de
que elas mudem.
Talvez esteja aí toda a fonte de sofrimento, esperar que o
outro mude para que você caiba em sua vida.
E a expectativa acaba por ser a fonte do isolamento e da
permanecia em lugares que não queremos e nem deveríamos estar.
O tempo vai passar, e como disse anteriormente, sairemos dos
lugares que nos colocamos porem se não mudarmos a forma de enxergar as coisas,
se não tirarmos de nossas visões o romantismo, a ilusão e o engano, estaremos
fadados a voltar para aquele mesmo lugar, várias e várias vezes.
Ou para não voltarmos mais, viveremos isolados de todos e de
tudo, ou ainda descrentes na integridade e bondade de todo ser humano.
Não é isto que queremos ou precisamos.
As experiências, ainda que doloridas, é o que nos faz
diferentes de uma “Samambaia”.
Sair de onde nos colocamos não é fácil, eu bem sei, mas é
totalmente possível, ainda que leve um certo tempo, o triste depois é olhar
para traz e não reconhecer mais as pessoas e lamentar o tempo perdido.
Nem sempre onde estamos foi uma escolha lucida, foi sim uma escolha,
mas não lucida.
Se for possível, coloquem-se em bons lugares.
Nós merecemos.
Abraços,
Sandra Bhering Milate