terça-feira, 13 de outubro de 2015

O Voluntariado

Ser voluntário é doar seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário, melhorando assim, a vida das pessoas.

Mas, acima de tudo é doar o seu amor. 

É impossível ser voluntário em qualquer causa se não houver amor pelo próximo.

Hoje em dia as empresas colocam em suas fichas de solicitação de emprego, um campo para a informação sobre trabalhos voluntários. Isto porque pressupõe-se que trabalhar com pessoas que se doam ao próximo seja mais fácil. 

Não acredito nesta verdade de forma absoluta, pois seria o mesmo que dizer que trabalhar com religiosos é mais seguro e confiável e sabemos que não funciona assim. 

Conheço alguns ateus que dão o que tem para quem não tem, sem esperar nenhum tipo de retribuição e neste sentindo são muito mais humanos do que muitos religiosos ou voluntários que às vezes fazem suas "doações" por acreditarem que Deus está olhando e é melhor ter crédito do que débito. 

Penso que o trabalho já se perdeu aí e estes são mais devedores do que quem não ajuda.

Mas, seguimos...

Já trabalhei como voluntária em vários momentos da minha vida. Em um deles, fazíamos comida em uma creche durante todo o sábado e saímos para entregar aos moradores de rua à noite e durante a madrugada. Era um trabalho muito gratificante, não por conta do alimento que entregávamos, mas por conta da fragilidade do momento. 

Minha, diga-se de passagem.

Das lições aprendidas e do amor doado; amor sem interesse algum.

Confesso que na primeira noite de entregas eu não queria voltar nunca mais por conta do sofrimento que vi, mas fui convencida a continuar pelos sorrisos dos moradores de rua.

Pedidos feitos por eles para a próxima "entrega", do tipo "me dá uma bíblia", ou "poderia me dar uma bola? ”, acabam-se por criar vínculos, o que não é muito certo. 

Não é muito certo, porque não podemos e nem temos o poder de resolver a vida de ninguém, e nem criar expectativas de que somos a “salvação”, entretanto, este trabalho me levou a idealizar um plano, que ainda por pura falta de ajuda não consegui concretizar... Ainda.

Existem vários tipos de necessitados, porém, apenas um trabalho voluntário. 

Ou você está ali para ajudar sem nunca questionar o "por quê" de tudo aquilo, ou você não está.

Não questione se eles estão "assim ou assado"; não os julguem, pois não sabemos o que de fato aconteceu e nem precisamos saber, basta amenizar de alguma forma aquele sofrimento pontual.

Acho que o que eles e todos nós mais precisamos, é ter o nosso próprio sustento.

Um prato de comida, uma sopa quente no frio, um cobertor e algumas roupas, ajudam sim mas, até enquanto durarem. 

Amanhã eles terão fome novamente.

Mas quando damos a eles a oportunidade de "pescar seu próprio peixe" e de realizar suas próprias ações, aí sim, estamos atuando de forma mais que voluntária e não precisamos ser missionários para isto; basta, ser humano.

Tirar do seu dia ou da sua semana, algumas horas para esta doação que no final de tudo quem sempre sairá ganhando é quem dá e nunca quem recebe, é mais do que gratificante e ajudaria muito em nossos pequenos problemas mesquinhos que carregamos.

Sem diminuir o problema de ninguém, ok?

Às vezes acordo com vontade de cortar os pulsos...super "normal" para um ser humano cheio de defeitos, mas isto logo passa por pura falta de coragem e vergonha.

Vergonha por não ter metade dos problemas que a maioria de nós tem.

Não pode fazer comida e entregar?
Não pode visitar um asilo ou orfanato?
Não pode doar algumas horas do seu dia ou mês para qualquer ação?

 Ok! Nem todo mundo tem realmente tempo para isto, e às vezes nem para si próprio, mas não deixe de ajudar por falta de tempo.

Escolha uma das diversas casas de auxílio, creches, orfanatos, hospitais, instituições e doe o que você puder e não precisa ser muito, basta que seja de coração, jamais por obrigação.

É importante escolher a que fará a diferença. Pesquise, veja os resultados, quantas pessoas são atendidas...enfim, aplique sua doação em algo que de fato faça a diferença.

Quando você cobra e coloca na conta da vida o que já fez pelo outro, você já perdeu tudo e ainda está em débito. Vai ter que fazer tudo de novo só que dessa vez, calado e com amor. Até aprender, é melhor que não faça.

Acreditem e ajudem. 

Comecem pelos próximos, depois os próximos dos próximos e em breve, todos serão 
próximos.

Abraços,

Sandra Bhering Milate
Revisão de Texto: Volfrâmio Almeida



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