Ser
voluntário é doar seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não
remunerada, para causas de interesse social e comunitário, melhorando assim, a
vida das pessoas.
Mas, acima de
tudo é doar o seu amor.
É impossível
ser voluntário em qualquer causa se não houver amor pelo próximo.
Hoje em dia
as empresas colocam em suas fichas de solicitação de emprego, um campo para a
informação sobre trabalhos voluntários. Isto porque pressupõe-se que trabalhar
com pessoas que se doam ao próximo seja mais fácil.
Não acredito
nesta verdade de forma absoluta, pois seria o mesmo que dizer que trabalhar com
religiosos é mais seguro e confiável e sabemos que não funciona assim.
Conheço
alguns ateus que dão o que tem para quem não tem, sem esperar nenhum tipo de
retribuição e neste sentindo são muito mais humanos do que muitos religiosos ou
voluntários que às vezes fazem suas "doações" por acreditarem que
Deus está olhando e é melhor ter crédito do que débito.
Penso que o
trabalho já se perdeu aí e estes são mais devedores do que quem não ajuda.
Mas,
seguimos...
Já trabalhei
como voluntária em vários momentos da minha vida. Em um deles, fazíamos comida
em uma creche durante todo o sábado e saímos para entregar aos moradores de rua
à noite e durante a madrugada. Era um trabalho muito gratificante, não por
conta do alimento que entregávamos, mas por conta da fragilidade do momento.
Minha,
diga-se de passagem.
Das lições
aprendidas e do amor doado; amor sem interesse algum.
Confesso que
na primeira noite de entregas eu não queria voltar nunca mais por conta do
sofrimento que vi, mas fui convencida a continuar pelos sorrisos dos moradores
de rua.
Pedidos
feitos por eles para a próxima "entrega", do tipo "me dá uma
bíblia", ou "poderia me dar uma bola? ”, acabam-se por criar
vínculos, o que não é muito certo.
Não é muito
certo, porque não podemos e nem temos o poder de resolver a vida de ninguém, e
nem criar expectativas de que somos a “salvação”, entretanto, este trabalho me
levou a idealizar um plano, que ainda por pura falta de ajuda não consegui
concretizar... Ainda.
Existem
vários tipos de necessitados, porém, apenas um trabalho voluntário.
Ou você está
ali para ajudar sem nunca questionar o "por quê" de tudo aquilo, ou
você não está.
Não questione
se eles estão "assim ou assado"; não os julguem, pois não sabemos o
que de fato aconteceu e nem precisamos saber, basta amenizar de alguma forma
aquele sofrimento pontual.
Acho que o
que eles e todos nós mais precisamos, é ter o nosso próprio sustento.
Um prato de
comida, uma sopa quente no frio, um cobertor e algumas roupas, ajudam sim mas,
até enquanto durarem.
Amanhã eles
terão fome novamente.
Mas quando
damos a eles a oportunidade de "pescar seu próprio peixe" e de
realizar suas próprias ações, aí sim, estamos atuando de forma mais que
voluntária e não precisamos ser missionários para isto; basta, ser humano.
Tirar do seu
dia ou da sua semana, algumas horas para esta doação que no final de tudo quem
sempre sairá ganhando é quem dá e nunca quem recebe, é mais do que gratificante
e ajudaria muito em nossos pequenos problemas mesquinhos que carregamos.
Sem diminuir
o problema de ninguém, ok?
Às vezes
acordo com vontade de cortar os pulsos...super "normal" para um ser
humano cheio de defeitos, mas isto logo passa por pura falta de coragem e
vergonha.
Vergonha por
não ter metade dos problemas que a maioria de nós tem.
Não pode
fazer comida e entregar?
Não pode
visitar um asilo ou orfanato?
Não pode doar
algumas horas do seu dia ou mês para qualquer ação?
Ok! Nem todo mundo tem realmente tempo para
isto, e às vezes nem para si próprio, mas não deixe de ajudar por falta de
tempo.
Escolha uma
das diversas casas de auxílio, creches, orfanatos, hospitais, instituições e
doe o que você puder e não precisa ser muito, basta que seja de coração, jamais
por obrigação.
É importante
escolher a que fará a diferença. Pesquise, veja os resultados, quantas pessoas
são atendidas...enfim, aplique sua doação em algo que de fato faça a diferença.
Quando você
cobra e coloca na conta da vida o que já fez pelo outro, você já perdeu tudo e
ainda está em débito. Vai ter que fazer tudo de novo só que dessa vez, calado e
com amor. Até aprender, é melhor que não faça.
Acreditem e
ajudem.
Comecem pelos
próximos, depois os próximos dos próximos e em breve, todos serão
próximos.
Abraços,
Sandra
Bhering Milate
Revisão de
Texto: Volfrâmio Almeida
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