sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Precisamos de ajuda... Rápido!



 

 
Estava agora a pouco no metrô voltando para casa, depois de uma tentativa frustrada de retirar um cisto do meu braço, e sentou do meu lado uma mulher chamada Vanessa, (não, eu não a conheço). Ela estava tentando resolver um problema com o telemarketing (não sei qual era a empresa, e ainda que soubesse não diria, por que não é este o foco). Pois bem, ela tentou por 5 vezes e ainda deixou no viva voz. Depois que ela teclou 1 para suporte, 2 para cobrança, 3 para cancelamento e 289 para falar com o atendente. Ela foi atendida, só que a pessoa de nome Patrícia que estava do outro lado da linha, disse que a ligação estava ruim e pediu para Vanessa retornar. A Vanessa ligou novamente, e por mais 3 vezes seguiu o mesmo ritual e obteve a mesma resposta, ou seja; não conseguiu falar.

Eu confesso que já estava tensa com a situação na primeira tentativa, e se fosse comigo, hoje, eu acho que teria chorado.

Estas situações me levam a pensar: "por que este serviço de atendimento ao consumidor é tão ruim?" Tanto se fala sobre isto e pouco ou quase nada muda. Os telemarketings da vida estão cada vez piores e os serviços ou produtos oferecidos também, por isso temos tantas reclamações. É falta de treinamento? Acredito que não. Acredito em falta de comprometimento, de responsabilidade, de devolutivas e empatia.

Este nicho do mercado, tem um grande turnover (rotatividade) de pessoas, que se deve principalmente ao baixo salário, aliado à facilidade em se conseguir um novo ponto de atendimento. A maioria dos call centers (terceiras) que temos no mercado hoje, terceirizam atendimento; isto quer dizer que na mesma "baia" ou "Ilha" de atendimento, podemos ter operadores que trabalhem com produtos diferentes, por exemplo: Um trabalha com tv a cabo, outro internet, outro ainda produto bancário, e esta diversidade de produtos e "rotatividade" de pessoas, faz com que aquele que na parte da manhã atendeu o produto TV a cabo, no horário da tarde atenda produtos bancários, o que não cria vínculo com o produto, o que dirá com a empresa, que neste caso é a terceira, e não a dona do produto.

São treinados antes de assumirem o atendimento e no geral usam "scripts" para este atendimento (o que não agrada a ninguém), mas o fazem por pura falta de intimidade com o produto, com o cliente e com a própria urgência do tempo, que no geral não têm para se desenvolverem. 

Já fiz algumas vezes, o trabalho de seleção destes profissionais de telemarketing, e o que ouvi em sala de seleção, é para se pensar.

Enquanto preenchem a "ficha", ficam entre si, comentando sobre outras terceiras que estão também contratando e comparam salários e benefícios. Alguns nem terminam o processo seletivo, porque uma outra empresa oferece um salário "melhor". Às vezes a diferença é tão pouca, que acaba não compensando, uma vez que esse colaborador poderia ter tido mais chances de ter uma carreira ou receber uma promoção na antiga terceira, mas abriu mão disso por conta apenas de um aumento.  

Não quero com isto, de maneira alguma menosprezar a ocupação, mas sim, propor uma análise e estudo do porque é assim.

Porque esta falta de interesse para a área? Porque ela não consegue formar profissionais duradouros que queiram fazer carreira? - E tem plano de carreira sim. Mas no geral, não encontramos pessoas que queiram. Falta atrativos ou confiança? Este mercado já se desgastou?

O resultado de toda esta falta de interesse é refletido no atendimento que recebemos, que está muito abaixo do que deveríamos receber.

Na falta de preparo e respeito com o cliente e produto que se representa.  Gerundismo em demasia, erros grotescos de português e procedimentos realizados de qualquer maneira, são os principais motivos que levam à reclamações e mais reclamações para órgãos de proteção ao consumidor, que diga-se de passagem, levam séculos para resolverem alguma coisa, com exceção de alguns poucos. A Anatel por exemplo, tem um serviço excelente, mas o PROCON leva "anos" até recolher documentos e provas, o que acaba levando ao descrédito. O que é um desrespeito.

O que acontece é mais ou menos assim:  "Isto não vai dar em nada!" ou "melhor não se estressar.", e qual o resultado? Call centers ruins, pessoas despreparadas e o cliente sem ter para onde correr, já que ele precisa de alguns serviços. 

Às vezes somos e nos sentimos reféns de tudo isto, e olha que estou falando apenas do atendimento receptivo, por que o ativo é um episódio à parte. 

Se faz urgente uma nova leitura sobre isto, sobre tudo isso e principalmente uma reformulação, para que sejamos tratados no mínimo com respeito.

Abraços!
Sandra Milate
Revisão de Texto : Volfrâmio Almeida

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Porque tudo tem um fim...

“O vento que venta aqui, é o mesmo que venta lá.” Baden Powell / Paulo Cesar Pinheiro   Algum tempo venho pensando em escrever para es...