quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Gerações Y e Z



 


É notável para todos que de uns 15 anos para cá, as crianças "não são mais crianças" e os nossos jovens também não são os mesmos. Evolução?
Sem dúvida. Mas acima de tudo, um novo modelo de criação onde os pais não estão presentes o tempo todo, por conta de sua carga horaria de trabalho que às vezes pode chegar a 12h por dia, e precisam deixar seus filhos com avós ou em escolinhas.

Quando deixados em escolinhas o  "dano" ainda é menor, pois aprende a se relacionar com outras crianças, a dividir, cantar, desenhar e etc..

Mas quando deixado com os avós o cenário muda radicalmente, e em geral, os avós tem os seus afazeres e por conta disto dão aos seus netos várias opções de entretenimento: TV, games, internet, celulares, entre outros "gadgets".
Não é raro ver uma criança usar todos esses recursos ao mesmo tempo e ainda conseguirem cantar e comer, tudo no mesmo instante. Elas conseguem "chupar cana e assoviar" - não duvidem.

Estes estímulos, longe de perturbá-los, os auxiliam no desenvolvimento do raciocínio rápido, desenvolvem uma mente multifacetada e são capazes sim, de fazer muitas coisas ao mesmo tempo sem perderem o foco de alguma delas.

O que vemos então no mercado de trabalho, são jovens inquietos, que não aceitam uma tarefa simples, que tem dificuldade em receber feedback e dificuldade em se concentrar em uma única atividade, já que precisam de muitos estímulos ao mesmo tempo para ocuparem o cérebro. Tamanha inquietação, os fazem transitam por todos os setores da empresa e seus cargos sem se sentirem intimidados, falam com o presidente da empresa como se fosse seu par. E isso não é louvável.

Este novo modelo tem como em todos os outros, seus pontos positivos e negativos: Positivo por que encaram qualquer tipo de atividade sem temor, não acreditam em barreiras e não se entregam a atividades que não gerem prazer. Negativo por que perdem o interesse tão rapidamente como adquiriu.

Não seguem ordens se não acreditarem nelas, mudam de empresa ou cargo como mudam de roupa se não houver algo mutável e constante, precisam de movimento e de novos estímulos. As mudanças são aceitas, desejadas e provocadas de muito bom grado, para que não haja uma rotina.

Se aceitar a mudança é bom, provocá-la constantemente, não. Por que passam a vida experimentando TUDO e acabam por não se especializarem em NADA; mudam o tempo todo e acabam por perder a direção.

Não raro observamos que estes jovens têm em seus currículos muitas passagens por várias empresas e estão sempre em busca do que os completem, e às vezes passam a vida sem encontrar.

Quando encontram, são líderes e profissionais além da média por que conseguem entender e enxergar tudo ao mesmo tempo sem perder nenhum detalhe de qualquer coisa.

Ousam, tentam, experimentam, ouvem, discutem e realizam.

Estes jovens Y ou Z precisam de líderes também Y ou Z; nunca um líder que não entenda ou aceite a necessidade de aprender, entender e mudar de opinião que esta geração tem, que os limite. Dar feedback para esta geração é jogo rápido; eles não têm paciência e o tempo do mundo para o formato de feedback aplicado hoje pelos líderes em geral. "Diga logo o que eu preciso mudar, e eu mudarei se acreditar que seja necessário mesmo."

Gosto muito de trabalhar com estes jovens. É sempre muito dinâmico e produtivo, já que o dia para eles não tem fim, apenas começo e meio, e quando envolvidos na atividade, geram excelentes resultados.

Aprendo muito, mas percebo que existe uma carência de ilusões e sonhos, e um excesso deles ao mesmo tempo. Entende-los é um grande exercício, que sempre que possível não abro mão de ter.



Abraços
Sandra Milate
Revisão de Texto: Volfrâmio Almeida

2 comentários:

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